Em 1997 no Canada nasce a Ubisoft Montreal, fundada como subsidiária da empresa-mãe Ubisoft. Uma software house
que evoluiu rapidamente, começando por produzir pequenos jogos até ser
responsável por variadíssimos títulos, como a série Tom Clancy’s, Prince
of Persia e Far Cry. E quem não se lembra do jogo lançado no final de
2007 com um grande sucesso comercial?
Sim, estou a falar de Assassin's Creed que excedeu as expectativas da
Ubisoft em termos de vendas, quanto ao jogo em si, prometia bastante no
início, mas passado algumas horas de jogo tornava-se monótono e
repetitivo. A Ubisoft Montreal trabalhou arduamente durante estes dois
anos na sequela, não só para superar as críticas mas também para
acrescentar novas características ao jogo.
Para relembrar, em Assassin's Creed a personagem principal controlada pelo jogador é Desmond Miles, um barman
que foi sequestrado e levado para um laboratório de uma empresa chamada
Abstergo, que trabalhavam no projecto Animus. Desmond foi o escolhido
devido ao facto de ser um descendente directo de Altair, que era um
membro do “Clã dos Assassinos” durante a Terceira Cruzada da Terra
Sagrada no ano 1191, e através da máquina Animus poderiam aceder ao ADN e
retirar as memórias de Desmond Miles sobre Altair.
Assassin's Creed II começa por dar a conhecer essa história em forma
resumida, entretanto Lucy, que tinha sido afastada do cargo, aparece
novamente para nos libertar e rapidamente dirigi-se para Animus com o
intuito de Desmond renascer como Ezio Auditore da Firenze, onde o
jogador carrega em vários botões que vão aparecendo no ecrã para fazer
mexer os membros do bebé até ele chorar. É-nos introduzida a nova vida
que iremos ter em Animus, deixando para trás toda a história que Desmond
foi forçado a percorrer com Altair.
Após estes acontecimentos, e com a Visão de Águia, conseguimos
vislumbrar códigos ou símbolos que se encontram pelo chão e pelas
paredes. Inicialmente nada sabemos sobre estes códigos, que nos vão
acompanhar durante todo o jogo, quer seja dentro ou fora do Animus. Tal
como no primeiro jogo, estas referências não irão desiludir quem gosta
imenso de teorias da conspiração, pois teremos muito por desvendar. A
história em Assassin's Creed II baseia-se em descobrir a verdade, o que
está por detrás de tudo o que se passou no primeiro jogo.
Depois da visualização do nascimento da nova personagem que iremos
controlar, Ezio Auditore, Lucy ajuda Desmond a fugir da empresa
Abstergo. Fogem por entre vários escritórios, evitando alguns guardas e
lutando contra outros. É aqui que Lucy dá uma ajuda, demonstrando que
também sabe lutar. Após uma longa correria, reparamos que existem várias
máquinas Animus, quando chegamos ao parque de estacionamento somos
interceptados por vários guardas, desencadeando-se uma luta feroz até
que Lucy consegue fugir num carro com Desmond na mala.
Lucy leva-nos para um local onde uma equipa de Assassinos Modernos está
refugiada, ao lhes apresentar Desmond, Lucy tenta convence-los a lutar
contra a empresa Abstergo, pois estes assassinos possuem uma “arma
secreta”, uma máquina Animus. Esta máquina é mais sofisticada (versão
2.0), ou seja, Desmond consegue comunicar-se com pessoas fora da memória
genética, evitando as constantes saídas da Animus, como acontecia no
jogo anterior. Esta poderá ter sido a maneira que Ubisoft Montreal
encontrou de nos manter a maior parte do tempo na vida de Enzio.
Na primeira vez que entramos na Animus 2.0, a história salta para o ano
1476 em Florença, com Enzio já um jovem adulto e a discutir em plena rua
com Vieri De’Pazzi e seus homens. Com a aparição de Frederico Auditore,
o seu irmão mais velho, a luta fica mais intensa. Essa luta de rua vai
indicar alguns movimentos de combate, inicialmente temos apenas ataques
com os punhos. Ezio fica ferido durante esta luta, aqui entra uma das
novidades na série, os médicos que estão localizados em vários pontos da
cidade para tratar os nossos ferimentos. O tratamento é apenas
conseguido mediante um pagamento, temos também a possibilidade de
adquirir medicamentos que são muito úteis, pois podem ser utilizados
durante os nossos combates, evitando que o jogador morra demasiadas
vezes e tenha que recomeçar a missão.
Como forma de apresentar a bela cidade de Florença e demonstrar as
capacidades atléticas de Ezio, o seu irmão Frederico propõe uma corrida
pelas paredes e telhados da cidade, logo após a primeira visita a um
médico. Para além de aventureiro e corajoso, Ezio é também muito
mulherengo, podemos observar isso em uma visita à sua bela “amiga”
Cristina Vespucci. Como não havia telemóveis, a única solução durante a
noite era atirar uma pedra para a janela de forma a chamar atenção, com
isso Ezio sobe pela parede e entra no quarto desta bela donzela.
Nesta cena mais apimentada, tal como aconteceu anteriormente, o jogador
terá de carregar nos botões que vão aparecendo de forma sequencial.
Temos que tomar decisões bem complicadas, carregamos no botão para
beijar a linda Cristina, de seguida o botão para retirar a sua roupa, e
finalmente, já no conforto da caminha, pressiona-se o botão para apagar a
vela. Este tipo de combinações de teclas, ao bom estilo de God of War,
irá aparecer algumas vezes ao longo do jogo e em situações completamente
diferentes.
O que faltava no primeiro jogo da série era uma maior diversidade de
missões, nesse aspecto Assassin's Creed II é muito mais fértil, existem
muitas e variadíssimas missões, tanto obrigatórias como opcionais. A
primeira missão do jogo é uma das obrigatórias, temos que entregar uma
carta, a pedido do seu pai Giovanni Auditore, a um suposto amigo,
Lorenzo de Medici. Também temos missões de espionagem e camuflagem,
perseguições e alvos a abater, proteger e evacuar pessoas, fuga em
carroças, captura de tesouros fortemente protegidos, roubar barcos e
muito mais.
As missões opcionais também são diversificadas, como por exemplo as que
nos são entregues por pombas que estão nas gaiolas, atacar um sujeito a
pedido de uma pessoa que encontramos na rua, uma mulher que nos implora
em dar uma lição no seu marido infiel, perseguir ladrões, e até corridas
com personagens que nos desafiam. Com o vasto número de missões nada
será como antes, tornando o jogo mais aliciante e divertido.
Nem sempre tudo corre sempre bem no seio de uma família, e Ezio sofre um
revés. Seu pai, um suposto banqueiro conhecido (secretamente era um
assassino), acaba por ser preso. O mesmo aconteceu com os seus irmãos
Frederico e Petruccio, todos acusados de conspiração. Acabam por ser
executados cruelmente sem que Ezio pudesse fazer algo para os salvar.
Ezio cuida primeiro do que resta da sua família - a sua mãe e irmã,
depois vai em busca dos culpados. Este acontecimento veio tornar o
enredo ainda mais rico, para além de descobrir “a verdade”, temos também
que nos vingar das famílias e dos corruptos que causaram a morte dos
familiares de Ezio.
A vida de Ezio muda radicalmente, habituado a uma vida descontraída,
vê-se agora obrigado a vestir a farda de assassino usada pelo seu pai e
começar a sua grande vingança. Mas claro que não se pode lutar sem
armas, e é então que conhecemos Leonardo da Vinci. Sim é verdade, ele
será fulcral para reparar e fazer melhoramentos nas nossas armas.
Inventor nato que é, Da Vinci cria umas asas na forma de um pássaro para
que Ezio plane sobre a cidade e derrube inimigos nos telhados e pontes.
Outra novidade neste segundo jogo, são as várias lojas que temos pelas
cidades. Começo pelas lojas de armas, estas possuem um vasto stock por
onde podemos escolher. Podemos também comprar diversos martelos, espadas
e marretas como armas principais, em armas secundárias temos punhais e
pequenas espadas que podem ser lançadas aos inimigos, temos também
bombas de fumo, medicamentos e muito mais. Para além das armas, as lojas
possuem armaduras para proteger várias partes do corpo, ombros, peito,
pernas e braços.
Consoante vamos avançando no jogo, vão ficando disponíveis armas e
armaduras de melhor qualidade. Estas vão melhorar ou diminuir certos
pontos nas habilidades de Ezio. No caso das armas, os pontos a
influenciar são a velocidade, ataque e esquiva. Nas armaduras irá
influenciar a energia e resistência. Um ponto muito importante é que
tanto as armas como as armaduras necessitam de reparação após as lutas,
se não o fizermos, elas acabam por partir e ficamos mais vulneráveis, a
nossa barra de energia desce porque não temos armaduras para nos
proteger.
Também existem lojas de alfaiate espalhadas pelas localidades, podemos
comprar bolsas de maior dimensão, para poder transportar mais
medicamentos, veneno ou armas. Para colocar Ezio na moda, podemos
adquirir várias cores para a farda de assassino, é importante a escolha
de cores a condizer com as dos guardas da cidade em que estamos. Na loja
de Arte, temos quadros e mapas de tesouros para comprar. Esses mapas
serão muito úteis porque necessitamos de encontrar muito dinheiro para
comprar armas e armaduras, exageradamente caras, que farão de Ezio um
assassino muito mais eficaz.
As cidades estão recheadas de caixas e tesouros que estão sinalizados no
radar, é um bom motivo para explorar os vários recantos de cada cidade,
mas também podemos roubar dinheiro às pessoas que se encontram na rua e
aos inimigos que estejam mortos. O dinheiro também serve para contratar
mercenários que nos ajudam nos combates, as prostitutas também podem
ser contratadas, para distrair guardas e abrir caminho para entrarmos em
locais que estão mais protegidos.
Ezio vai viajar por várias cidades de Itália, Veneza, Roma, Florença,
Toscana entre outras. Para viajar entre elas, podemos ir de cavalo ou se
quisermos poupar tempo, podemos ir a uma barraca colocada num dos
pontos de saída das cidades e pagar para sermos transportados. Com o
objectivo de proteger a sua mãe e irmã, Ezio protege-as até a vila
Auditore, situada em Monteriggioni, que foi construída pelo seu bisavô.
Verificamos que essa localidade está em ruínas, sem recursos para
melhorar a vida dos seus habitantes, Ezio terá que a restaurar, investe
dinheiro na reconstrução e melhoramentos de lojas de armas, arte,
bancos, bordeis, alfaiates, igrejas, Médicos e muitas outras coisas.
Com a melhoria das condições da vila Auditore, os seus habitantes vão
subir de classe, passando de camponeses para cidadãos de classe alta,
pagam os seus impostos e ainda temos descontos em todo o tipo de
compras. Na vila Auditore conhecemos o Tio de Ezio, Mario Auditore que
nos ensinará tácticas para nos esquivar dos inimigos, essa vila terá
também muitos segredos para desvendar e enumeras áreas escondidas. Esta
parte foi engraçada, pois eu estava convencido que já sabia fazer tudo
com Ezio, mas como já referi em cima, vamos aprender mais habilidades ao
longo do jogo, como no caso de Rosa, uma ladra que ensina Ezio a saltar
mais alto de forma a chegar mais depressa ao telhado.
Outro exemplo é Paola, uma proprietária de um bordel que ensinará Ezio a
arte da camuflagem entre as pessoas, basta que nos juntemos a uma
multidão para passarmos despercebidos. Os bancos, a palha e multidões
servem eficazmente enquanto seguimos os inimigos. Para criar confusão e a
atenção dos civis e guardas, podemos atirar dinheiro para o chão.
Infelizmente temos que fazer isto várias vezes, pois existem músicos
chatos que se aproximam de nós, só saem da nossa beira depois de atirar
dinheiro, não pensem em mata-los (é o que apetece a maior parte do
tempo) pois irá chamar a atenção dos guardas.
Ezio possui um ícone junto com a barra de energia que indica o grau de
notoriedade dos guardas, temos até 4 graus, quando atingimos o último
nível, somos reconhecidos de imediato. Para reduzir o grau de
notoriedade temos de remover os cartazes de “procurado”, subornar um
arauto ou matar um oficial corrupto. Além disso, os Guardas têm uma seta
nas suas cabeças que demonstra quão perto estamos de ser descobertos. O
facto de Ezio agora usar uma capa do lado esquerdo, serve para esconder
as armas que possui, posteriormente irá ter outras capas com as cores e
símbolos de outras cidades, para que a notoriedade se mantenha a zero,
mas os guardas irão estar atentos a qualquer comportamento criminoso.
O jogo continua com uma liberdade incrível e com cidades enormes, um mundo aberto para a exploração. Milhares de locais para vasculhar e edifícios para trepar, alguns deles bem impressionantes devido à sua beleza e tamanho, muitos deles depois de os escalar podemos sincronizar a zona para alargar o nosso mapa, tal como acontecia no seu antecessor. Desta vez temos a habilidade de poder nadar, onde usamos os canais de Veneza como forma de esconderijo, atirar os guardas para a água e também temos a habilidade de vasculhar e dirigir barcos.
O sistema de combate está muito mais sofisticado e trabalhado, o que faz
parecer um filme de luta bem coreografado. Cada arma tem os seus
movimentos específicos e respectivos movimentos mortíferos, que desta
vez estão bem mais brutais. Ao desarmar um inimigo, ele aplica vários
golpes de misericórdia, dependendo da posição em eles se encontram,
convém dizer que são muito violentos. Agora podemos agarrar os inimigos
para usar como escudo, empurrar contra outros adversários, atira-los de
um prédio e se fores um assassino sem piedade cortar as gargantas.
A inteligência artificial dos guardas está mais apurada, eles contra-atacam, defendem-se melhor, atacam vários ao mesmo tempo e não se deixam agarrar. Estão mais atentos à nossa presença, no caso de um local estar protegido eles dão-nos um empurrão e avisam para não nos aproximarmos. Estão mais ágeis, não tanto como Ezio, mas conseguem perseguirmos com astúcia, escalam, saltam e correm sobre os telhados.
Existem vários pormenores novos e melhorados no jogo, como apanhar armas do chão deixadas pelos oficiais, enquanto corre empurra as pessoas do seu caminho, saltar para cima de um fugitivo para o apanhar, mergulhar, matar duas pessoas ao mesmo tempo com a dupla lamina assassina, entre outros movimentos. A visão de águia também sofreu melhorias, como já tinha referi, conseguimos ver símbolos, permite localizar alvos enquanto andamos e em terceira pessoa a visão de águia continua activa.
O grafismo inicialmente parecia algo semelhante ao título anterior, mas
com o decorrer do jogo e a passagem para outras cidades, verifica-se um
maior cuidado, com um ambiente muito mais colorido, mais limpo e com
efeito "escada" quase inexistente. As fortalezas, castelos, igrejas e
outros edifícios históricos, estão recriados com um bom grau de
fidelidade. Para além da componente arquitectónica, vemos os habituais
cidadãos a passear, a trabalhar nas lojas ou na construção civil, a
transportar objectos, ou seja, a levar a sua vida normal. Depois de
escalar um edifício dá para observar ao longe o enorme ambiente que
possuiu cada cidade. Um ambiente enorme recriando cidades inteiras tem
os seus problemas gráficos, nomeadamente algum atraso no aparecimento de
texturas, principalmente se enveredarmos por um free-running.
Também são visíveis algumas quebras de fluidez e algumas sombras das
árvores estão a "piscar" de uma forma estranha, mas nada que prejudique o
jogo.
O jogo continua com uma liberdade incrível e com cidades enormes, um mundo aberto para a exploração. Milhares de locais para vasculhar e edifícios para trepar, alguns deles bem impressionantes devido à sua beleza e tamanho, muitos deles depois de os escalar podemos sincronizar a zona para alargar o nosso mapa, tal como acontecia no seu antecessor. Desta vez temos a habilidade de poder nadar, onde usamos os canais de Veneza como forma de esconderijo, atirar os guardas para a água e também temos a habilidade de vasculhar e dirigir barcos.
A inteligência artificial dos guardas está mais apurada, eles contra-atacam, defendem-se melhor, atacam vários ao mesmo tempo e não se deixam agarrar. Estão mais atentos à nossa presença, no caso de um local estar protegido eles dão-nos um empurrão e avisam para não nos aproximarmos. Estão mais ágeis, não tanto como Ezio, mas conseguem perseguirmos com astúcia, escalam, saltam e correm sobre os telhados.
Existem vários pormenores novos e melhorados no jogo, como apanhar armas do chão deixadas pelos oficiais, enquanto corre empurra as pessoas do seu caminho, saltar para cima de um fugitivo para o apanhar, mergulhar, matar duas pessoas ao mesmo tempo com a dupla lamina assassina, entre outros movimentos. A visão de águia também sofreu melhorias, como já tinha referi, conseguimos ver símbolos, permite localizar alvos enquanto andamos e em terceira pessoa a visão de águia continua activa.
Assassin's Creed II é como uma pessoa, que com o passar do tempo se
tornou mais maduro. Soube aproveitar o que de bom já possuía e
acrescentou muitas melhorias e muitas inovações. As lutas sensacionais,
uma história com muita trama que nos mantém agarrados ao jogo, as
habilidades de Ezio, o enorme ambiente por explorar, com os tempos de loading
super rápidos, a opção de poder fazer o que queremos, a diversidade de
missões, a possibilidade de comprar armas, armaduras e melhoramentos. Só
posso dizer que a Ubisoft fez um excelente trabalho. São poucos os
jogos que nos conseguem fazer sentir que entramos verdadeiramente na
história e que queremos resolver esta trama o mais rapidamente possível.
Assassin's Creed II é um jogo que chegou para matar.
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